Autarca | vice-presidente PSD Olhão
O último verão do Festival do Marisco?
Olhão, agosto de 2019. Ao som de grandes artistas nacionais e internacionais, uma imensa multidão desfruta alegremente de cerveja e marisco, à beira-ria, no Jardim Pescador Olhanense. Ninguém suspeita que uma pandemia misteriosa há de surgir, para revirar vidas e inverter planos. É a 34ª edição do Festival do Marisco de Olhão, um evento do qual o presidente da Câmara muito se orgulha, evidenciando-o como um incontornável cartaz turístico olhanense. Dois em um, é um festival gastronómico e musical, o maior deste género a sul do Tejo. Janeiro de 2020. Começam a revelar-se alguns nomes do próximo festival. Recordo-me, por exemplo, da célebre banda brasileira “Roupa Nova”, que nunca haveria de cá tocar. Março interrompe-nos a vida com o decretar de um Estado de Emergência que nos haverá de reter em prisão domiciliária por uns meses. Passamos a sair à rua só para fazer compras, asfixiados em máscaras que nos roubam o sorriso. O Município de Olhão aproveita para dar início às obras no jardim. Entra o ano 2021. A pandemia prossegue em vagas mas o verão chega a Olhão. Mesmo com um jardim por terminar. Mesmo sem condições para realizar ainda o Festival do Marisco. Compreende-se. Não estão reunidas as condições. Chegamos a 2022, renovando esperanças de que este será o ano em que nos vamos libertar da pandemia. Decorre uma sexta vaga de sintomas ligeiros e todos os municípios se preparam para um verão em grande. Reabrem espaços de festas, voltam a permitir-se os convívios sociais, é abolido o uso obrigatório de máscaras. O turismo promete lotar hotéis e as festas, feiras e festivais voltam a ser anunciados por toda a parte. O Festival do Marisco não. Com o jardim terminado e a pandemia relativizada, alguém questiona o presidente da Câmara: Este ano haverá Festival do Marisco? A resposta vem sem hesitações: Não. E porquê? Prossegue o curioso munícipe durante uma sessão da Assembleia Municipal. Porque consideramos que ainda não estão reunidas as condições de segurança em relação à COVID, justifica o edil. São muitos os que se espantam com tão fraco argumento, quando todo o país segue na direção da retoma de atividades. Olhão é, uma vez mais, a exceção à regra por decidir em contracorrente. Uma vez mais, talvez o presidente não esteja a dizer toda a verdade. Quando é que regressa o Festival do Marisco de Olhão? Ninguém sabe, ninguém responde. Talvez a resposta seja “nunca mais”.