Advogado
A despoluição da Ria Formosa
Não basta apregoar que Olhão está na moda, é necessário e urgente investir de forma séria na resolução deste problema, pois é inadmissível que em pleno século XXI, esgotos domésticos sejam despejados para a Ria Formosa.
A Ria Formosa é uma das 7 maravilhas naturais de Portugal, com uma extensão de 60 kms ao longo da costa algarvia, entre o Ancão no concelho de Loulé e a Manta Rota no concelho de Vila Real de Santo António. É um rico e complexo sistema lagunar que banha toda a zona ribeirinha de Olhão, sendo uma área protegida pelo estatuto de Parque Natural e apresenta uma grande importância do ponto de vista económico e social para Olhão, designada por cidade capital da Ria Formosa.
A produção de bivalves na Ria Formosa representa cerca de 80% do total de exportação do país, sendo igualmente, um dos locais com maior potencial turístico no Algarve. No entanto, o pleno aproveitamento do seu enorme potencial exige a preservação das suas excecionais características naturais, com principal incidência ao nível da qualidade da água.
Ao longo dos anos a poluição da Ria Formosa é uma preocupação dos viveiristas que exploram 170 viveiros numa enorme área nesta Ria. Os sucessivos executivos camarários, todos do mesmo partido, têm sido incapazes de delinear uma estratégia para eliminar os focos de poluição.
É do conhecimento público e alvo de reportagens que os esgotos continuam a desaguar principalmente em três locais, em frente à PSP, no Cais T e em frente à Bela Olhão. Esta poluição tem impedido os viveiristas de trabalhar com prejuízo para a economia local, para a imagem do concelho e da cidade que se quer afirmar como um destino diferente no Algarve. Não basta apregoar que Olhão está na moda, é necessário e urgente investir de forma séria na resolução deste problema, pois é inadmissível que em pleno século XXI, esgotos domésticos sejam despejados para a Ria Formosa.
O diagnóstico está feito desde há muitos anos, sabe-se que construções antigas e mais recentes têm os seus esgotos ligados diretamente às águas pluviais que por sua vez descarregam na Ria Formosa. Terá de se investir na pesquisa destas ilegalidades e punir os seus infratores e realizar através de um robot filmagens para se detetar essas construções.
Cabe aos políticos definirem as suas prioridades. Entre a opção de remodelar um espaço verde e resolver este problema de saúde pública, eu escolho a última opção. E qual a opção dos atuais detentores do poder político em Olhão?